sábado, 18 de janeiro de 2014

Going Postal

Hoje decidi escrever uma carta. O destinatário? Ainda não sei, não é propriamente uma coisa personalizada, sabem como eu sou genérico e vago, provavelmente assentará a qualquer de vocês como uma luva. De preferência, de pinho... A luva!!! Mas gostaria de ser mais objectivo, de ser mais pessoal, mas aí teria que mudar nome. Imaginem só o impacto estampado nas vossas faces:
"Com amizade, do sempre teu
Theodore Kaczynski"

Embora fosse romântico, nostálgico e me desse um ar hypster e/ou cool, esta carta não será num papel tradicional e não irei cuspir num selo. Não tenho uma caligrafia decente, sou preguiçoso e além disso este espaço está como eu: precisa de algum movimento, atenção durante 5 minutos, e depois adormecer outra vez. Sem beijos, despedidas e lamechiches da merda.

O Facebook é o melhor presente que deus (um qualquer) nos deu. Sim, eu acredito piamente que é obra divina! E quando os cépticos me chateiam, não preciso de argumentar com provas credíveis, basta-me usar o vocábulo mais poderoso de todos: fé! Uma fórmula com dois mil anos não pode estar errada, certo? É mais do que uma rede social, é como se fosse os classificados do CM mas com um perfil psicológico traçado facilitando a tão querida mimetização de personalidades, múltiplas fotos com mais qualidade, não suja as mãos, posso consultar à vontade em público sem qualquer repúdio social, e o melhor: é de borla e são de borla!

O nosso querido FB é a antítese da correspondência trocada entre amigos ou paixões. Nunca irei ler no meu mural "Espero que este post te vá encontrar de boa saúde (...)"; nunca um like teu terá o odor a "Kenzo" me fará fechar os olhos e recordar a ti a rir... nem mesmo as fotos em que estás a rir conseguem isso; nunca poderei amarrotar uma private message quando vir que a cruzinha está no "Não quero namorar contigo".

O meu mural dá-me as notícias do dia. Nem sequer consulto o Google News, isso é uma forma arcaica de saber as boas-novas. Eu sou muito à frente, faço o meu próprio quiz show. Com base nas reacções e comentários, tento adivinhar a notícia. E o melhor, a cereja em cima do bolo, é que consigo adivinhar o estado da nação, ou, citando o falecido Salgueiro Maia, "o estado a que isto chegou". Mas não se esqueçam, o estado somos todos nós, as pessoas... E é aqui que toda a minha sociopatia, o valor que dou à vida humana e o respeito pelo próximo se esvai. Serei o único que sufoca com o fumo? Eu não sou uma pessoa inteligente, eu sou quase um iletrado, mas sei o que se avizinha. É mais do mesmo, o circo está montado! A esquerdalha com as mesmas músicas de sempre que versam sobre o tal povo uno e invencível, vem defender os discriminados. É agoniante, é desprezível e bafienta, essa lenga-lenga costumeira. As vossas manifs serão divertidas, disso não há dúvida alguma. Pena que os panascas e camionistas não vos oiçam em privado, nos cafés, no seio familiar, nas alturas em que despem o partidarismo cego e são assolados pela homofobia. Digam-me, quantos de vós aceitariam sem pestanejar que um filho vosso gostasse de enfiar punhos pelo cu acima, quantos de vós esboçaria um sorriso sincero de felicidade enquanto entregavam a vossa filha vestida de noiva, sem ficar enojados só de pensar na noite de núpcias? Não hesitariam em espalhar aos sete-ventos, e com requintes de malvadez, uma confissão de um amigo, de um colega de trabalho, sobre a sua homossexualidade. No fundo não são muito diferentes dos outros, dos ratos de sacristia. Ouviram? É mesmo com vocês, eles vêm aí, com as suas bandeiras tricolores, a apregoar com orgulho a doença mais letal da humanidade logo a seguir ao sexo recreativo: o preservativo. E pior: querem adoptar filhos. Mas na verdade, aquilo que vocês mais odeiam neles, é a sinceridade, a coragem e o orgulho em levar na peida ou lamber o tapete. Eles não têm medo do inferno, aquilo que vocês mais temem. Mas não se preocupem, vocês têm uma arma secreta, vocês estão a salvo. O confessionário é a vossa blindagem, lá podem dispersar esses pecados capitais: a luxúria e o amor-próprio. E é nessa altura que perceberão os misteriosos desígnios de deus, esse cabrão que vos está sempre a pôr à prova. Afinal terão que confessar os vossos pecados à pessoa que vos deu a conhecer as maravilhas do sexo anal! Não se preocupem, constituam família, tenham filhos, cresçam. Têm sempre a igreja e o Parque Eduardo VII, esses locais são sacros. Não se esqueçam, só não podem é ter prazer porque é pecado...
A minha paciência só estoira quando o clero mete o bedelho. Já nem está em causa a sodomia ou o bater panelas, isso foi uma guerra que perderam há muito. Esvaziar orfanatos é que não, cada cabeça de um fedelho ranhoso, embora pulguenta, vale dinheiro. Fechar a torneira estatal à caridade é que não. Nem vou bater na tecla da violação, na tortura, nem no verdadeiro inferno (provado pela medicina e tudo) psicológico a que condenam inocentes. É aqui, e só aqui, que apresentam provas científicas e estatísticas obscuras.

Eu também quero um referendo só meu. Sinto-me discriminado. Embora o homicídio seja legislado, sinto uma necessidade em repor a verdade. Eu sou uma minoria, faço parte daqueles que não tem qualquer pejo, e até me é algo natural, cometer assassínios. Alguns de vocês, nos vossos comentários e likes alegam que sentem vontade em praticar alguma violência física e quase letal. Mas na verdade conseguirão? É-vos realmente nato? Acho que não, acho que estão muito iludidos com esse conceito quase metafísico que é a humanidade e o seu direito. Aquilo que vocês comentam de desumano, é-me indiferente e normal. Se querem "pensar diferente" comprem os produtos da Apple, deixem-se de merdas e continuem a votar em quem vos mandam votar, continuem nesse activismo de sofá, porque é confortável e está frio. Continuem a rebuscar a interwebzs à procura de provas que sustentem o vosso vegetarianismo militante mesmo ignorando a presença de incisivos e caninos na vossa bocarra que insiste em debitar inanidades hipócritas. Quantos de vocês têm a coragem de provocar dor física a alguém sem ser consensual? Já o fizeram e admitiram que tiveram prazer nisso? Quantos de vocês cortaram com a vida social e as suas convenções sem nexo? Quantos de vocês decidiu abdicar da carreira estável como efectivo, dos impostos, da família, do país, da cidadania, da legalidade, de sair do rebanho, do medo de morrer, ou do medo da própria sombra?
Eu sei que é uma causa perdida, os vossos telhados de vidros e a vossa intuição diria-vos que no fundo estariam a assinar a vossa sentença de morte.


"Concorda que PuroDeLítio possa, no primeiro e último domingo de cada mês, fazer uso de uma espingarda Sako TRG-22 de calibre .308 e 10 respectivas munições causando ferimentos letais em espécimes humanos de qualquer raça, credo ou sexo?
"Concorda que PuroDeLítio se comprometa a não divulgar antecipadamente os espécimes escolhidos e usar essa mesma força letal de forma camuflada causando surpresa ao alvo?"